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Fashion in the bag

Fashion in the bag

31
Mai16

Já pensaram em caçar sonhos?

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Há uns anos descobri este bonito objecto que soube, tempos depois, ser um caçador de sonhos.

É um amuleto típico da cultura indígena norte-americana que, supostamente, teria o poder de purificar as energias, separando os "sonhos negativos" dos "sonhos positivos", além de trazer sabedoria e sorte para quem o possui.

O que mais me interessou, sou sincera, foi o nome. Esta ideia de podermos caçar( para possuir) os sonhos é uma ideia que me faz sorrir. Começo a imaginar uma qualquer amazona de seta em punho  que vai atirando aos sonhos que se atravessam no céu. Umas vezes acerta, outras não, mas vai tendo uma série de ideias oníricas que até ali eram apenas um esboço irrealizável. Há dias em que a amazona se cansa porque os matreiros dos sonhos se escondem atrás das nuvens. Ela não desiste, senta-se numa pedra, com o arco das setas a descansar ao lado do banco, improvisado, olha para o céu e espera o melhor momento. Aquele instante em que as nuvens desaparecem e o sonho, o seu sonho, se atravessa no horizonte tal e qual uma estrela cadente que, quando lhe apetece aparece e, serve de deleite aos olhos dos mais atentos. Nessa altura ela esfrega os olhos, estica as longas pernas, pega no arco e lá faz pontaria. Quase sempre acerta e fica sem saber se foi ela que apanhou os sonhos ou se foi ela que foi apanhada pelos sonhos. Já pensaram em caçar sonhos?

31
Mai16

Hoje apetece-me partilhar um poema...

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A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.

Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios...

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira

30
Mai16

Quem quer voltar à Infância?

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 Na tela preta uma daquelas bolas de vidro, que quando é movimentada faz com que a neve caia, rola pelo chão até se se partir. - Rosebud, murmura o protagonista. Para quem não se lembra esta palavra fecha o conhecido filme Citizen Kane. Muito se escreveu sobre o filme  e sobre o significado desta palavra que parece ser, o retorno que a personagem faz  ao seu eu mais profundo e diria até que representa  a viagem de regresso ao tempo onde foi verdadeiramante feliz e completo. Refiro-me à infância.

Basta-me fechar os olhos e encontro, tal como Kane, o aconchego dos dias sem fim, das risadas sinceras e espontâneas, do aperto dos pés quando, vaidosos, tinham uns sapatos novos.

No fim da praia havia uma camisola quentinha que nos ensinava o valor do aconchego e da protecção e o vento era empurrado para tão longe que nem sabiamos bem se, de facto, existia ou se tinha sido apenas um sonho. No ar havia sempre cheiro a bolos e o narizito ficava extasiado.

As prateleiras repletas de livros eram uma promessa de aventuras sem fim. Tenho de aprender a ler depressa, pensava, e franzia o sobrolho porque tinha a noção que, aqueles livros, me andavam a esconder coisas. - Raio dos livros murmurei, arreliada, tantas vezes.

De tarde havia lanche em baixo da figueira e podia escrever o que quisesse. Talvez não fosse bem uma escrita, talvez fosse mesmo uma não escrita, mas era a minha. O sol beijava essas palavras e fazia-me querer caminhar depressa. Que chato, o sol!... devia ter ficado debaixo da figueira... quero voltar para a camisola, quero que o vento se vá embora, de novo.  Quero a minha Rosebud!!

 

29
Mai16

O que é o tempo?

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Abri os olhos e olhei de lado para o relógio: tinha meia hora para escrever qualquer coisa ou tentar dormir mais um bocado. Dormir nem vale a pena tentar, pensei. Só de saber que teria de me levantar, daí a pouco, o sono correu mais que um cavalo a quem chicoteiam.

Que raio, sempre os minutos e os segundos a comandar a vida! O mais estranho é que nem sabemos muito bem quem é este amo que tanto veneramos.  O tempo. O que é o tempo?

Pensamos no passado como fazendo parte do tempo, como algo que passou, e do presente que está sendo, mas que não tarda nada, já foi. Estas palavras já foram.  Vivemos muitas vezes em função do futuro.Um dia hei-de fazer isto e aquilo, um dia, no futuro, hei-de ser feliz.

Mas a verdade é que o passado já não o é mais, nada se pode fazer em relação a ele e o futuro não sabemos sequer se o vamos viver. Resta-nos o presente que; como já disse, está sendo, mas logo, logo, já foi. 

Resta-nos eternizar o bom que temos, agora, e deixar passar aquilo que não interessa e que há-de passar. Os momentos bons devem ficar guardadinhos na caixa do relógio e cada vez que seja preciso, escancara-se a caixa e vivem-se e revivem-se esses bons momentos. O que nos faz mal já está lá atrás.

O relógio da torre; da minha aldeia, acabou de marcar, compassadamente, mais um número de horas que passou. Mais uns minutos e segundos que acabaram de se finar. Aproveitamos esses?

O que é afinal o tempo?

 

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