A imaginação ou a realidade
(imagem retirada da net)
Pegou na mala castanha e colocou-a ao ombro. Colocou um pé fora de casa, mas ao mesmo tempo que o fez sentiu vontade de voltar atrás. Não o fez e continuou a caminhar pelas escadas de pedra. O gato preto espreguiçava-se no parapeito da janela azul e ela parou um momento para o contemplar. Custava-lhe que as coisas que gostava tivessem mudado. Perguntava-se se alguma vez elas teriam existido como ela imaginava que tinham existido. Dentro de si vivia a dúvida constante sobre se ela via as coisas e as pessoas como de facto eram ou como ela as imaginava. Suspirou e continuou a afagar com os sapatos azuis a escada de pedra.
Estava calor, tirou o casaco e viu o seu reflexo no carro que estava parado. Estava elegante, mas os olhos encovados denunciavam cansaço, sobretudo desilusão. Abriu a porta e o rugido do motor desperto-a para a constatação de que tudo mudava a velocidade avassaladora. O agora já passou e o futuro é presente. Ligou o radio e ouviu com atenção as músicas que gostava. Estava a caminho, sempre a caminho...