A verdade por detrás dos incêndios
Não é a primeira vez que falo sobre este tema que é, também, motivo de preocupação e discussão em muitos dos blogues que sigo. Desta vez faço-o com conhecimento de como as coisas se processam no que à prevenção diz respeito.
Facto: A minha família tem uma pequena quinta rodeada por pinheiros e carvalhos inserida numa enorme mancha florestal. Ao redor cresce muito mato e alguns pinheiros(enormes) ameaçam cair para o telhado da casa.
Atitude:Falei com o vizinho há alguns anos. Riu-se e nada fez.
Resultado: O mato cresceu ainda mais sendo neste momento um local potencialmente perigoso e onde o risco de incêndio cresce a cada dia que passa.
1- Há dois meses liguei e enviei um correio electrónico para a Câmara e gabinete da protecção civil e expus o caso.
2- Um mês depois volto a insistir e o responsável diz-me que estão com falta de meios e que ainda não tinha conseguido responder-me, que o faria no final da semana.
3- Duas semanas depois ninguém me diz nada. Volto a insistir e o responsável, chateado, diz-me que está a fazer inventário de incêndios que não tem meios e que responde quando puder.
4- Eu pergunto-lhe, também chateada, se é mais importante fazer inventário do que já ardeu ou prevenir o que poderá arder.
5- Acalmou e ligou-me uma semana depois. Disse-me que na realidade o melhor era ligar para a GNR floresta que eles são rápidos e que a câmara (protecção civil) é mais lenta e não tão eficaz. Ajudou-me a fazer a exposição e ficou com a consciência tranquila porque passou para outros.
6- Faço a exposição ao Sepna(GNR) e passado uma semana não obtenho resposta(aparentemente não receberam a minha exposição). Ligo para a linha de apoio, mas durante quatro horas o número está impedido. Insisto e consigo falar. Dizem-me o mesmo da câmara. Têm poucos meios, mas que vai já enviar para a GNR local.
7- Passados quatro dias a GNR vem a minha casa e pede-me para ver o sítio.
8- Quando estamos quase a chegar,( perto de caminhos onde só se vê mata e silvas, onde quase não se passa), perguntam-me: Mas há casas aí? Sim, respondi. Caso não haja não podemos fazer nada, disseram eles. Como? Pergunto. Mas isto está cheio de silvas e mato e está assim porque ninguém limpa. Se começar a arder ninguém consegue chegar lá porque não se passa nos caminhos. Só podemos actuar(adoro quando eles utilizam esta palavra) se existirem casas e numa extensão de cinquenta metros ao redor das casas.
9- Chegados lá dizem-me que só podem mesmo notificar o proprietário relativamente aos 50 metros em redor da casa. Os pinheiros altos que estão em risco de caírem para cima da habitação e de partir o telhado, tem se ser com a protecção civil e com a câmara.
11- A notificação só produzirá efeitos em Maio porque até final do Verão, ninguém pode cortar nada.
10- Digo-lhe que já tinha falado com a protecção civil e que me encaminharam para a Sepna. Respondem-me que tem mesmo de ser com eles. GNR só trata do mato ao redor das casas. Mas os fogos só começam ao redor das casas?
11- Volto a enviar e-mail para a protecção civil. A única pessoa que trata do caso está de férias até ao final de Agosto. Vou ter de esperar. Desejo que os incêndios não cheguem lá e que os pinheiros não caiam. É fazer figas...
Conclusão: As pessoas são prestáveis e diligentes e lutam também elas contra as políticas erradas, mas pouco podem fazer. Não há meios, as leis estão erradas e desactualizadas e tudo parece uma grande trapalhada. Não me parece ser difícil delinear um plano, obrigar as pessoas a limpar e quando estas por serem velhas ou incapazes não puderem serem as câmaras e as juntas a faze-lo. Enquanto isso vamos todos fazendo figas para não sermos os próximos a cair nas tristes malhas das chamas. Admiro-me, sinceramente, é por não termos mais incêndios.