As janelas e as ilusões
(imagem retirada da net)
Os cortinados bailavam ao redor das janelas abertas. Ela estava sentada, com a cabeça entre as mãos e acompanhava o movimento do tecido que ao de leve tocava o vidro. Quando era pequena alguém lhe disse que as janelas abertas eram ilusões. Nunca percebeu a razão, mas via neste movimento das cortinas um desfocar da imagem, um passar momentâneo da quietude ao movimento, uma antecipação do que era e do que não era. Fechou os olhos concentrou-se nos barulhos, mesmo nos do silêncio e respirou fundo. Estava num barco, naqueles pequenos de madeira e com remos.Um vestido branco, de tecido leve, esvoaçava lentamente e a luz clara oferecia-lhe serenidade. Olhava o movimento do rio, calmo, trespassado pela força do barco e sentia na mão, mergulhada na água, a frescura e a claridade corrente. Colocou os remos de lado e decidiu-se a seguir a corrente,sem pensar em mais nada. Apenas seguir. Enquanto aceitava o destino da corrente viu castelos, e mares, risos e cantares, foi tudo o que quis, mesmo sem querer. E a viagem continuou, entre salgueiros e pedras, entre água e terra. As janelas continuaram abertas...