Atlas e o peso do mundo
(imagem retirada da net)
Encontrei Atlas vagueando num planalto de trigo. Estava dobrado e uma ruga funda atravessava-lhe a testa. Não me reconheceu logo, mas quando me aproximei saudou-me e desenhou um sorriso nos lábios.
Falamos longamente e via que se contorcia com dores. O mundo era pesado, disse-me quando me viu olhar. Sabia do castigo de Zeus e tinha noção de que Atlas estava condenado a carregar nas suas costas o peso do mundo, para sempre, ainda assim pensava em algum modo de o aliviar. Falava-lhe de aves raras e do mar, mas ele não me ouvia. Era o peso que lhe roubava a atenção. Caminhamos de mãos dadas. Eu, Atlas e o mundo. Mas não me senti bem,o peso dele começou a evadir-me e encontrei-me fraca e sem forças.
Estava quase a sentar-me no chão quando Hércules se aproximou, muito simpático e sorridente pedindo a Atlas que lhe colhesse as maçãs de ouro e que em troca ele lhe segurava o mundo.
Atlas estava tão cansado que aceitou prontamente.Nunca o tinha visto tão alegre. Correu, pulou e puxou-me para dançar-nos no meio do trigo. Rimos de tudo e de nada.
Assim que avistamos as maçãs corremos a colhe-las e entregamo-las a Hércules. No entanto, assim que lhas entregamos Hércules voltou a colocar o mundo nas costas de Atlas e fugiu. O peso voltou.
Ninguém pode carregar o mundo sozinho, pensei. Estava quase a oferecer-me para dividir o peso com Atlas, mas o deuses libertaram-no do peso do mundo e castigaram Hércules.
Os pesos do mundo vão sendo carregados por quem verga a cabeça e os aceita.