É a arte, solidão?
(imagem retirada da net)
Há um pequeno estudo de Camus que eu já reli mais de dez vezes. Refiro-me ao Avesso e Direito; onde o autor apresenta, quanto a mim, uma das mais bonitas e fundamentadas definições sobre o que é a arte.
Diz ele que: " A arte não é aos meus olhos um regozijo solitário. É um meio de comover um maior número de homens, oferecendo-lhes uma imagem privilegiada dos sofrimentos e das alegrias comuns... o artista forja-se neste ir e vir perpétuo de si para os outros, a meio caminho da beleza sem a qual não pode passar e da comunidade a que não pode subtrair-se."
Quando li, pela primeira vez, reconheci o que há muito pensava sobre o artista/ arte e acerca da questão de a arte ser algo avesso à solidão. A criação pode e deve ser solitária (isso concordo), agora o artista (todo ele) quando cria quer partilhar a sua criação, faz mais para os outros do que para si próprio e sente na obra, que criou, o que os outros, também, sentem.
Não há arte para si, há arte de si para os outros, muitas vezes (quase sempre), dos outros para si. Se a arte é, segundo creio; também, uma transfiguração/interpretação do real é-o porque o outro, e o real, existem no mundo que foi interpretado ou transfigurado, pelo artista.
Não devemos acreditar naqueles artistas que dizem que fizeram um determinado trabalho para eles, a arte (a verdadeira), não é para "eles" quando muito eles serão apenas os pais de uma ave que voa.
O que é para vocês a arte?