O cinema como ponto de partilha e de encontro
Talvez tivesse quinze ou dezasseis anos quando vi pela primeira vez o "Cinema Paraíso". Passaram vários anos, mas ainda assim não esqueci o impacto do conteúdo do filme. Perpassada pela história de amor que é forte, mas ao mesmo tempo de uma sensibilidade e de uma leveza incomuns, estão muitas outras histórias. Vive-se ali aquilo que era um sinal de que as salas de cinema tenderiam a desaparecer e isso para além de triste era preocupante. O cinema representava, na época representada do filme, muito mais do que a visualização de um filme. Estava patente o convívio entre as pessoas, as partilhas, os encontros. O cinema era um local de encontro, de vivência de experiências, mas acima de tudo de aprendizagem social e cultural.
Tudo isto para tocar no tema de uma noticia que ouvi esta semana que registava o facto dos jovens na faixa etária dos 20 anos estarem numa situação de isolamento e com cada vez menos vida social.
A pergunta que se impõe será a de perceber como serão, no futuro, estes jovens que vivem isolados do mundo, protegidos por monitores de computador e telemóveis?
São preocupantes as escolhas de hoje. Assusta-me o vazio que por aí impera.
Dizia Lévinas que "o estrangeiro que entra em minha casa incomoda-me, tira o meu conforto, mas também pode trazer a novidade". O contacto com as pessoas é difícil, mas sem ele não poderemos evoluir e ser melhores.