Os comprimidos da felicidade
(imagem retirada da net)
Nos últimos dias tenho pensado no número absurdo de pessoas que conheço e que estão a passar, ou já passaram, por depressões. A maioria delas têm (felizmente) a capacidade tanto económica, como de discernimento para procurar ajuda e tratarem-se.
No entanto, não é fácil identificar uma depressão e actualmente tende a confundir-se a tristeza com depressão. É o mundo da felicidade forçada e da ingestão dos comprimidos da felicidade este, em que vivemos.
Alguém que perdeu quem ama, tem de estar triste, é normal, é humano e só seria estranho era se isso não acontecesse. Quem está desempregado, doente, tem de estar triste, não há vergonha nisso. E não são os comprimidos que resolvem estes estados de alma. A resolverem alguma coisa é apenas o proporcionarem a ilusão que o fazem.
Dizia Schopenhauer que: “Precisamos em todas as épocas de uma certa quantidade de desvelo, sofrimento ou carência, como um navio precisa de lastro para manter seu curso correto.” A tristeza é, por conseguinte, algo inerente ao ser humano e necessária para se atingir profundidade interior. Claro que é melhor estar feliz e alegre, mas nenhuma felicidade dura sempre, até porque há tristeza na felicidade(ou para se atingir a felicidade). Mas a sociedade não está preparada para isto. Ninguém tem paciência para pessoas que estão tristes, que choram... dá trabalho estar triste, e é uma embate muito grande consigo próprios.
Queremos apressar as coisas, queremos colocar LOL em todas as notícias, imagens e fotos, queremos mascarar a tristeza com caras de falsa felicidade. É mais fácil.
Um comprimido que dê alegria e não permita a tristeza parece, à partida, a solução ideal, mas será mesmo?
Não deviam as sociedades e todos nós procurar outras soluções que não apenas a dos comprimidos? Não se devia entender a tristeza de outra forma?
Outro dia falarei sobre a depressão...