Realidades diferentes
Sentou-se com o mar de frente, como se estivesse perante uma pintura de um qualquer pintor impressionista. Admirou-se perante a calmaria das ondas e aconchegou o lenço ao pescoço. No rosto desenhava-se,por vezes um leve sorriso que rapidamente se desvanecia e dava lugar a um semblante carregado e preocupado. Lembrava-se das últimas palavras que ouvira, o som trespassava-a e encontrava-a sempre que ela se tentava refugir em outras regiões do seu pensamento. Sempre fora assim, perseguida por sons, fugindo no eterno labirinto de si mesma. Adorava esconder-se e ria muitas vezes por pensar que só ela conhecia aqueles lugares. Muitas vezes era um espécie de triunfo, outras apenas uma forma de se proteger. O que é certo é que talvez ninguém fosse suficientemente forte para resistir a labirintos ou suficientemente curioso para os querer percorrer.
Uma brisa bateu-lhe no o rosto devagar e trouxe-lhe de volta o som, as palavras que se materializavam e a chamavam de louca. Ajeitou-se na pedra onde estava com as pedras cruzadas e murmurou: - não sou louca, mas a minha realidade é diferente da tua.