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Fashion in the bag

Fashion in the bag

13
Dez15

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13
Dez15

Hoje Apetece-me falar sobre... um filme que vi há muitos anos: a Balada de Narayama

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Ontem, em conversa, lembrei-me de um filme antigo  que durante muito tempo me povoou o pensamento.

A história é baseada numa lenda tradicional, antiga e desconcertante que permeou o século Dezanove. Os habitantes de uma pequena aldeia muito pobre e localizada numa montanha no norte do Japão que completassem setenta anos de idade, eram considerados pessoas incapazes de contribuir para o bem-estar da comunidade.

Assim a pessoa que tivesse essa idade era levada para o topo de um monte sagrado e era  deixada lá até que morresse de fome ou frio, porém abençoado pelos deuses que residem na Montanha. Acreditava-se que esse sacrifício era necessário pois a comida era racionada e assim, evitaria que alguém morresse de fome na aldeia.

Aquele que se recusasse a cumprir a tradição, traria vergonha e desonra para a sua família. Seguindo este contexto, o filme A Balada de Narayama conta a história dramática vivida por Orin (Sumiko Sakamoto).

Esta pequena e frágil velhinha sabia que completaria  setenta  anos em breve e por isso prepara  a sua viagem para a montanha sagrada. Durante essa preparação nota-se em Orin um exercício enorme de aceitação e mesmo de resignação em relação ao seu destino. Ela não contesta, não fica triste e apenas aceita. O filho mais velho chora e custa-lhe muito esta aceitação da mãe, porém ele e a sua nova esposa são os únicos que sofrem com a situação. A restante família impulsiona  e fomenta a viagem. 

A contrastar com a aceitação de Orin a história apresenta outro velhinho que, ao contrário dela, nega-se a aceitar este destino e tenta, por todos os meios, fugir ao filho e aos corvos.

No fundo assiste-se a uma dicotomia entre a tradição/sociedade e o desejo por viver, independentemente, do que os outros pensam. 

Orin carrega às costas a tradição e o medo de envergonhar a família enquanto que o velhinho conserva, apenas, o desejo de viver, mesmo que mendigando.  Será o velhinho egoísta ou egoístas serão todos os outros que apenas pensam em si sem perceberem que um dia, também eles, terão setenta anos?

Não temos, na nossa sociedade, um monte sagrado, pelo menos identificado como tal. No entanto assistimos a outros montes onde os velhotes são despejados à espera  dos corvos negros que a pouco e pouco os vão espicaçando e matando.

 

 

 

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