Escrever bem, o que é?
Perguntaram-me, um dia destes, se sabia o que era escrever bem. Quase desencaixei a cabeça a tentar perceber e responder a esta demanda. Encontrar a resposta é tão complexo, como solucionar um enigma. Depois de muito cismar deixei; que fossem, apenas, as mãos, a dizer o que é para mim escrever bem. A escrita, que marca, impele-nos a entrar num mundo mágico, um reduto onde quem escreve se expõe e se põe. Não há uma definição ou uma equação que desvende o que é escrever bem, mas a boa escrita é um deleite para os sentidos e para a alma. As palavras são como borboletas que esvoaçam e espalham leveza e ternura impregnando-se na pele como tatuagens eternas.
Há musicalidade na boa escrita e as cores, os sabores e os aromas misturam-se harmoniosamente como se fossem pares de bailarinos num salão de dança, daqueles em que tudo parece flutuar e deslizar tal a perfeição com que o movimento se desenrola. A boa escrita transporta-nos para mundos onde não há fronteiras e onde podemos voltar tantas vezes quantas as que desejarmos.
Pelas palavras encadeadas e ordenadas, vivemos, morremos e amamos.
Não há uma definição que caracterize a boa escrita porque a boa escrita não se diz, ela vive-se e sente-se.