ravel
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Não sendo um filme excepcional é, contudo, um filme que nos faz pensar em várias questões que volta e meia nos circundam os dias. A primeira e mais premente é, sem dúvida, o "desperdício" das pessoas mais velhas. Vivemos numa sociedade em que as pessoas a partir dos quarenta anos são velhas para trabalhar e são consideradas "cotas" e com conhecimentos considerados desnecessários.
Esquecemos, de todo o modo, que estas pessoas têm um acumular de experiência e de vivências que poderiam ser aproveitadas em muitas organizações de forma produtiva beneficiando não só as organizações, mas a sociedade em geral. O número do suicido em pessoas mais velhas aumenta e uma das razões, penso eu, é esta falta de sentido em que as pessoas vivem depois de se reformarem.
A mensagem do filme é, quando a mim, uma pergunta: Porque não aprender com as pessoas mais velhas e porque razão não as deixamos regressar?
Um filme que vale a pena pela tema e pela reflexão sobre o mesmo.
FERNANDO PESSOA, in POESIAS INÉDITAS (1930-1935), (Ática, 1955/reimp. 1990)
NÃO ME DIGAS NADA! QUE HÁS-ME DE DIZER?
Não digas nada! Que hás-me de dizer?
Que a vida é inútil, que o prazer é falso?
Di-lo de cada dia o cadafalso
Ao que ali cada dia vai morrer.
Mais vale não querer.
Sim, não querer, porque querer é um ponto,
Ponto no horizonte de onde estamos,
E que nunca atinges nem achas,
Presos locais da vida e do horizonte
Sem asas e sem ponte.
Não digas nada, que dizer é nada!
Que importa a vida, e o que se faz na vida?
É tudo uma ignorância diluída.
Tudo é esperar à beira de uma estrada
A vinda sempre adiada.
Outros são os caminhos e as razões.
Outra a vontade que os fará seus.
Outros os montes e os solenes céus.
8-7-1934
Torci o nariz (interiormente) quando abri o bonito embrulho e vi o livro. Não sou muito de livros de modas, menos ainda de histórias demasiado exploradas. Reconheço a importância do tema, dedico e dediquei muitas horas a pensar nele, mas gosto de histórias improváveis, gosto de uma certa ginástica mental quando leio.
Ainda assim abri, li a primeira página e a segunda e pronto já estava presa na história. Não sendo surpreendente é muito bem contada e faz-nos acreditar que, de facto, as histórias de amor, aquelas de verdade, realmente existem. Essas são aquelas que conseguem ser superiores à morte e que nos deixam despertas para pequenas coisas, que são mas tão profundas e que por vezes não as queremos ver.
Auschwitz, aqui, é lembrado para além de um espaço onde as maiores atrocidades foram cometidas, como um local de amor, amizade e altruísmo.
Há coisas que ficam tatuadas para sempre, os números são apenas um pormenor...