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Fashion in the bag

Fashion in the bag

10
Set16

Hoje apetece-me... ler poesia

fashion

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Um Anjo no caminho

Cansado da vida, no stress enjaulada, decidi partir

mochila às costas,  fiz-me ao caminho, sem saber por onde ir,

dias a fio, andei sem destino, sem olhar para trás

colinas e rios, vales e montanhas, procurando por paz;

 

A noite caía, pegava na lua, p’ra minha almofada

ficava pensando, buscando um sentido, p’rá vida pesada,

olhava as estrelas, sentadas no céu, bem perto de Deus

sorrindo aos homens, até à aurora, hora do adeus;

 

Antes de dormir, fazia uma prece, de amor e perdão

pedindo aos anjos, duendes e fadas, que me dessem a mão,

na última noite, um Anjo desceu, e veio até mim

contou-me um segredo, regressou voando, para o seu jardim;

 

Quando acordei, pensei que estava, ainda a sonhar

lembrei do segredo, ergui-me sem medo, decidi voltar,

todo o caminho, percorri sozinho, sem pranto ou dor

cheguei ao destino, para dar carinho, e falar de amor.

 

Malik

http://malikpoesia.blogs.sapo.pt

 

 

27
Ago16

Hoje apetece-me... ler poesia

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Poema ou suicídio

 

Não há com quem falar de poesia

Só sobre a chuva, crise e futebol

Se um verso declamasse, alguém diria:

Que: “um louco há entre nós que se acha o Sol”

 

Brilho irisado no ventre dos copos

Balão de vidro, onde a água balança

O estilo açucarado que há nos corpos

De pérola incrustada na esperança.

 

Não há com quem falar de quase nada

Tombam o olhar, buscam o que não busco

Mundo em miniatura que me enfada

Um poema a suicidar-se, lusco fusco

 

De António Codeço-  http://asescondidas.blogs.sapo.pt/2016/08/?page=1

 

20
Ago16

Eles não sabem....

fashion

 

 

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão, in 'Movimento Perpétuo'

 

 

13
Ago16

Hoje apetece-me... ler poesia

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Solidão
 
A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.

Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios...

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
05
Ago16

Hoje apetece-me... ler poesia

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Estou Tonto

Estou tonto,
Tonto de tanto dormir ou de tanto pensar,
Ou de ambas as coisas.
O que sei é que estou tonto
E não sei bem se me devo levantar da cadeira
Ou como me levantar dela.
Fiquemos nisto: estou tonto.

Afinal
Que vida fiz eu da vida?
Nada.
Tudo interstícios,
Tudo aproximações,
Tudo função do irregular e do absurdo,
Tudo nada.
É por isso que estou tonto ...

Agora
Todas as manhãs me levanto
Tonto ...

Sim, verdadeiramente tonto...
Sem saber em mim e meu nome,
Sem saber onde estou,
Sem saber o que fui,
Sem saber nada.

Mas se isto é assim, é assim.
Deixo-me estar na cadeira,
Estou tonto.
Bem, estou tonto.
Fico sentado
E tonto,
Sim, tonto,
Tonto...
Tonto.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

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