Vestiu apressadamente o vestido azul. Gostava dele, porque tinha sido a mãe que o tinha feito e assentava-lhe bem no peito e no pescoço e dava-lhe um ar distinto. Passou a escova no cabelo longo e colocou uma flor entre a orelha. Todos lhe diziam que era bonita e elegante, mas ela não o sentia ou melhor desejava senti-lo, mas sabia que a sua beleza estava mais fundo do que no vestido, no cabelo ou no rosto. A beleza, a sua, estava no fundo do mar. Submersa, invisível a beleza era uma coisa que não se conseguia quantificar ou descrever com exactidão. Navegava por entre as algas, passeava-se por entre grãos de areia e vivia da água e do sol que conseguia avistar. Era tão diferente a sua beleza das outras belezas, a sua beleza era única, pesada por vezes, mas que dançava por meio das ondas e que procurava sobreviver aos ventos que por vezes dormiam nas águas.
Pegou no saco com asas e enfiou o porta moedas por entre o tecido. O vestido dançava ao ritmo dos seus passos e enchia as ruas por onde ela entrava. A sua beleza continuava na água; na rua, no vestido e no cabelo, mas a sua beleza estava, sobretudo, onde não estava. Na singularidade que a perpassava como setas, nos defeitos que tinha e que a tornavam única, mas acima de tudo estava no coração que não se via, mas que pulsava ininterruptamente por cada pequena coisa que era a sua vida. Era bela, sem dúvida.
Tenho de comprar um computador novo e fica à volta de 800 e poucos euros, uma mesa de 260€ no IKEA (não encontro mais barato nem em mais lado nenhum), já para não falar do resto, candeeiros, cadeira, etc.