A vida é, de facto, um mistério...
Estava eu no hospital para, uma vez mais, acompanhar a minha mãe, numa sessão de fisioterapia quando a vejo começar a andar encostada a um tripé. Se alguém já alguma vez acompanhou a recuperação de um familiar ou amigo que teve um avc sabe como a evolução é difícil e lenta. Cada dia é feito de pequenos nadas, mesmo pequenos mas, que são tão importantes e tão inexplicavelmente enormes que ficamos totalmente sensibilizados com eles.
Há três meses o prognóstico era reservado, nem sequer sabia se ia ter a minha mãe muito mais tempo, e hoje, depois destes meses de altos de baixos de angústias e incertezas vejo que ela renasce, tal e qual uma Fénix, e se agarra aquele tripé como se dele dependesse a sua vida.
Quem passa por isto de certeza que sente o mesmo que eu: há pouca informação porque ninguém sabe muito bem o que vai acontecer. O cérebro é uma zona complexa, as lesões não conseguem ser exactamente quantificadas e ninguém se quer comprometer com promessas. Se alguém tiver alguém nesta situação o meu conselho é que não devem desanimar. A caminhada é longa, muitas vezes o sol bate a pique, outras a chuva é tanta que pensamos morrer afogados mas, no fim chega a primavera. Não desistam de ninguém de quem gostam! Enquanto houver vida, amor e vontade tudo é possível. A vida é, de facto, um mistério....