A vitória da ponderação e do carinho
Atena estava na cidade, perto do mercado. Quando cheguei não a vi, mas ela reconheceu-me e veio falar-me. Trazia vestida uma túnica bonita e elegante presa num só ombro e o cabelo apanhado, atrás. Estava pálida e parecia preocupada. Falamos longamente sobre a justiça, a vida e o mundo e contou-me que Ares defendia a guerra para a obtenção da Justiça. Atena discordava e isso fazia com que um rastilho se acedesse constantemente entre os dois, que explodia a cada dia, com mais frequência. Atena ficava cada vez mais triste e preocupada. Sabia que se ela não estivesse perto, Ares provocaria, uma e outra guerra, por vezes sem motivos, e isso traduziria-se em sangue derramado e vidas perdidas.
Raramente uma guerra resolve divergências e ideias diferentes, as guerras servem apenas para mostrar força, não são resolutivas. Acabam quando um lado se apresenta mais fraco, mas as divergências continuarão. Suspirou tristemente e agarrou-me na mão.
Atena gostava de cultivar os seus altos princípios e ponderação sobre a necessidade de lutar para preservar e manter a verdade. Ela oferecia aos heróis as armas que deveriam ser usadas com inteligência, mestria e planeamento.
Pedi-lhe para ser eu a falar com Ares. Ao início não lhe pareceu uma boa ideia, mas acabou por aceitar.
Encontrei-o no meio de um exército pronto para partir para mais uma batalha. Ofereci-lhe uma flor, de cor rosa, e dei-lhe um longo abraço. Ficou quieto, envergonhado e arrastou-me para longe dos outros. Chorou agarrado a mim: ele venceu a maior batalha que era a da luta consigo próprio. Atena juntou-se-nos e todos choramos de alegria. A ponderação de Atena e o carinho venceram aquela luta.