De Hamlet ao ser Perfeito
Nos últimos dias tenho recordado muito (não me perguntem porquê) a história de Hamlet. Pela primeira vez em anos surgiu-me uma interpretação diferente da que sempre tive. Durante muito tempo cismava no príncipe como alguém que quis vingar a morte do seu pai, que queria justiça e que (de alguma forma) a tinha conseguido.
Desta vez pensei de forma diferente quando analisei, com cuidado a palavra perfeição. Surgiu-me que Hamlet não quis apenas vingar-se. Quis que todos, incluindo ele, mostrassem uma vez na vida quem eram verdadeiramente. Uma vez, pelo menos, deixassem cair a máscara que os cobre e se assumissem como são. A escolha era mesmo entre ser ou não ser.
Todos devíamos ser capazes, uma vez na vida, de assumir quem somos. O ser perfeito ao contrário do que pensamos não é aquele que está no fim da linha, aquele que tudo atingiu. Perfeito é aquele que se está a fazer, aquele que está a caminho, o que mostra tudo o que é e não tem medo de que, esse tudo o que é, seja diferente dos outros. Perfeito é o indefinido e o inacabado. É o ser que se vai desvelando.