De lugares longíquos à paragem do autocarro
(imagem retirada da net)
Olhava para o seu rosto frio e encostado no vidro do autocarro,via-lhe a sombra dos olhos reflectido no vidro enquanto as pessoas entravam e saiam. Tentei afagar-lhe o cabelo, mas ela afastou-se aproximando-se, ainda mais do vidro transparente e cheio de marcas de dedos. Estava longe, tão longe que não conseguiria descobrir no mapa o país onde deambulava. Sentiu frio nos dedos, aconchegou o cachecol ao pescoço e sacudiu o gelo que se formou no casaco cinzento.
Respirou, primeiro devagar e depois com mais convicção como se quisesse provar que ainda estava ali, que aquele ar que saia de si, em forma de fumo, representava que estava viva e que ainda estava ali. Olhou-lhe a alma e reconheceu-se, sorriu, mas não pode deixar de chorar. Sentiu-se perdida, no entanto a paz que a percorria dizia-lhe que sabia o caminho. Procurou em si como quem procura num bolso cheio de tralhas. Viu-se no vidro, sentiu o afago da sua mão no cabelo. Tinha voltado e o autocarro parou.