Do chá às intermitências da luz
Há uns tempos alguém me ofereceu um pacote de chá, já não me lembro de que mistura se tratava, mas que tinha um rótulo que retive: madame a besoin d´énergie(a sra. tem falta de energia). Na altura a pessoa que mo ofereceu deve ter pensado que eu andava cansada e que o chá me iria ajudar. Ele próprio pensou que me ia ajudar, mas passados uns tempos ele estava mais cansado do que eu e nunca mais o vi. No entanto, jamais esqueci do título do chá e volta e meia lá ando com isso no pensamento.
Hoje lembrei-me por causa da relação (ou não) da energia e da intermitência. Parece-me que há cada vez mais pessoas intermitentes, ou seja, entram e saem da vida umas das outras com uma facilidade que parece que têm uma costeleta de interruptor.
Não sou muito adepta de luzes que acendem e apagam(,nem na árvore de natal).
Luz na verdadeira acepção do termo está sempre acesa. A luz genuína é a primeira coisa que vemos quando o mar está revolto, as nuvens de luto e nós perdidos. Somos capazes de fechar os olhos e mesmo sem olharmos sabemos que, quando os abrirmos, a luz está lá à nossa espera e a guiarmos-nos. Não precisamos de a alimentar porque o seu alimento é apenas um: saber que não nos perdemos.
Não adianta comprarmos chá de energia para estas luzinhas, elas são tão fortes que mesmo quando o seu brilho parece extinto há sempre uma centelha de luz que elas vão buscar ao mais recôndito lugar.
Encontramos centenas de luzes durante a nossa vida, porém luzes verdadeiras encontramos muito poucas.
Já descobriram as vossas luzes?