Dos pingos de chuva ao que perderam de importante na vossa vida?
Não sei explicar qual a razão mas sempre senti um fascínio indizível pelos pingos de chuva. Talvez porque têm, em si, características que me hipnotizam. Além de serem transparentes, caiem do céu e assemelham-se a pequenas lágrimas que duram, apenas uma pequena partícula de tempo. Quando beijam os vidros sentimos um certo conforto por assistirmos àquele namoro que é tão curto e ao mesmo tempo intenso. Nunca percebemos se há na chuva uma alegria que se traduz em lágrimas ou uma tristeza que parte o céu, tamanha a sua grandeza, e nos atinge com toda a força. Queremos que dure, mas com medo queremos que o sol se mostre e acabe com aquilo que não sabemos bem o que é.
Fazemos isso com muitas coisas na vida. Como não sabemos totalmente o que são, tememo-las, e quando isto acontece ficamos sem saber se queremos que chova ou que faça sol. Somos incapazes de perceber a beleza da chuva e ansiamos pela claridade que, por vezes, é demasiado irreal e maldosa. Não há uma total permanência nem nos pingos de chuva, nem nos raios de sol. Fazem parte de um todo que aproveitamos fragmentado, ou não. Uma certeza devemos ter: que a um sucede o outro, mas que o conjunto se reveste de permanência. Um amor, um verdadeiro amor, permanece na nossa vida para sempre, tal como o sol e chuva. Não há perdas porque quer queiramos ou não, há posses. E as posses são sempre, superiores às perdas. Quando possuímos(uma posse desprovida de possessão) nunca perdemos. O que perderam de importante na vossa vida?