Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Fashion in the bag

Fashion in the bag

13
Set15

Hoje apetece-me... escrever sobre o último conto que li

fashion

O último conto que li chama-se  "A casa de Matriona" de Aleksander Solkhenitzin. A história é intensa e escrita de uma forma simples mas recheada de beleza e de suavidade. 

A pergunta que se impõe é a de saber quem é Matriona. Na realidade Matriona é aquela personagem que aparentemente ninguém gosta ou melhor ela é aquela que, no fundo todos invejam e ambicionam mas para a qual não têm a coragem ou grandeza suficiente para o conseguir admitir. Quando assim é, mesmo que inconscientemente, é mais fácil mostrar desprezo, escárnio, do que valorizar o que no outro é grande e belo. 

Matriona vive num Isbá, velho, onde os ratos habitam como senhores por entre as paredes forradas. As suas únicas companhias são um gato coxo, uma cabra suja e as suas plantas o único bem que lhe importou salvar quando houve um incéndio.

Não tem rendimentos e vive da solidariedade dos outros que abusam da sua forma afincada de trabalhar e dispõem dela como um objecto. Utilizam-na para trabalhos pesados e pouco lhe dão. Ela também não pede muito, talvez porque, ao contrário dos outros, não precise de muito.

O marido foi para a batalha e não voltou, ou não quis voltar,  ela foi ficando, sozinha, no seu mundo. Sabe que quando precisam dela a procuram e ela vai sempre.

Um dia recebe um hospede porque todas as casas da aldeia estão ocupadas. Avisa-o, desde logo, que o melhor é procurar outro sítio porque ali não está bem. Ele fica e a pouco e pouco apercebe-se da beleza daquela mulher. Percebe que todas as coisas têm, nela, um significado profundo e que poucos alcançam.

Fica com ela até que ela morre numa linha do comboio quando tenta ajudar aqueles que a estavam a roubar e que apenas se serviam dela para atingir os seus objectivos.

Ela sabia mas não se importava, tinha aquela necessidade de receber migalhas de carinho e de dar e dar uma e outra vez sem nada pedir em troca.

Matriona era recriminada por tudo o que fazia e até porque não tinha um porco. Todas tinham um porco. Era só dar-lhe comida três vezes ao dia e depois matá-lo e fazer toucinho.

Mas como poderia Matriona matar quem ela criava e lhe fazia companhia? Mesmo sendo um porco como poderia?

Como era possivel ela trabalhar tendo como último tributo o de fazer bem aos outros?

Todas estas coisas eram incompreensiveis no entanto o conto termina  com duas frases que sendo tão belas e profundas nos deixam a pensar : Tinham vivido todos a seu lado(refere-se aos vizinhos, "amigos" e família), e não haviam compreendido que ela era o Justo sem o qual, como diz o provérbio, não existe a aldeia. Nem a cidade. Nem toda a nossa terra.

 

 

Mais Sobre Mim

A Ler

Palavra da Semana

anguícomo

Segue-me

Follow

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D

blogs portugal

Este blogue tem direitos de autor Copyrighted.com Registered & Protected

A ler 2