Hoje apetece-me... falar da viagem ao fim da noite
Como já contei aqui, de mês a mês encontro-me com um grupo de amigos e analisamos uma obra que previamente escolhemos. Desta vez a obra eleita(considerada uma das melhores do séc.XX) foi a de Louis-Ferdinand Céline, romancista genial mas muito incompreendido. Este livro é duro, até pela crueza da linguagem que muitas vezes me chocou e quase me levou a desistir da leitura. A Estória denuncia com rara virulência o sofrimento de viver e a fragilidade da condição humana. Por vezes é difícil aceitar a realidade da vida e esta obra é pensada como um panorama do absurdo da vida, de suas crueldades, seus embates e suas mentiras, sem saída nem luz de esperança. De capítulo em capítulo, de página em página, fragmentos de vida se juntam num absurdo imundo, sangrento e digno de um pesadelo. Uma visão passiva do mundo com uma sensibilidade à flor da pele, sem desejo do futuro. Será que o mundo e a vida é de facto assim? Será que devemos aceitar esta visão pessimista e crua?