Hoje apetece-me... falar sobre o Último livro que li
O REGABOFE de E. Zola
Renata é uma mulher frágil, dona de uma beleza incomparável que é abusada, ainda muito nova, por um homem casado de quem engravida.
Pertencente a uma família da alta burguesia a tia tudo faz para encobrir a esta situação e acaba por casar a sobrinha com o ambicioso Saccard que mal acaba de ficar viúvo vê em Renata a janela de oportunidade para conseguir o que ele sempre quis: ser Rico e influente em Paris. Ainda a mulher está no leito da morte e ele já congemina a forma de conseguir cumprir os seus objectivos.
Renata acaba por perder o filho e coloca-se nas garras de Saccard que, aos poucos e poucos, lhe vai roubando, de forma habilidosa todos os seus bens.
Renata sente-se cada vez mais vazia e sozinha e acaba por encontrar no seu enteado, Máximo, um amigo, um confidente e mais tarde um amante.
O tempo em que a relação dura, Renata sente-se feliz porque se julga amada mas, quando sabe que Máximo vai casar com Luísa, de acordo com um tratado assinado com o seu pai, Renata percebe que não só Máximo nunca a amou como para Saccard ela é apenas um objecto que lhe deu dinheiro. O marido apesar de descobrir o incesto fica indiferente e acaba, até, por gracejar com o filho acerca disso.
Renata ouve e percebe que nunca ninguém a amou e que todos a trataram como uma boneca inerte de quem de uma forma ou outra se aproveitaram. Sente-se Velha e experimenta a ideia de que todos a despiram. Essa nudez envergonha-a e fá-la regressar ao quarto da infância o único sítio onde foi, verdadeiramente, feliz.
Se tivesse de ressalvar uma ideia na história de Renata seria, sem dúvida, esta ideia de ela se sentir nua e despida.
Esta nudez é uma nudez que se assemelha a sujidade, a conspurcação e isso, parece-nos ser dos sentimento mais negativos que alguém pode sentir.
Pouco tempo depois de perceber isso morre, e deixa sobre si a reflexão sobre a forma desumana como os homens trataram e tratam as mulheres. Interessa ter um adorno para apresentar aos amigos, um manequim que se passeie pelos corredores e pelas salas ou interessa conhecer o que de facto é aquela pessoa que durante anos vive ao seu lado?
Renata faz-me lembrar uma leve pluma que foi empurrada ao sabor do vento e que se perdeu, simplesmente, porque não foi amada.