"Lengalenga" sobre uma planta que não é flor, nem planta...
Descobri uma planta que tem bolinhas vermelhas.
Não é bem uma planta, nem flor, mas é verde e, às vezes, tem umas pequenas bolas.
Primeiro as bolas ficam verdes, depois quando o sol lá se demora, ficam vermelhas.
Descobri-as por acaso: as bolinhas.
Nesse dia, nesse sem querer, descobri que as bolinhas vermelhas me faziam ter os olhos com estrelas.
Ninguém tem olhos com estrelas. Quer dizer todos podem ter, mas já ninguém quer ter olhos com estrelas.
É que depois das estrelas vêm as lágrimas e as lágrimas são humanas e poucos querem ser humanos;
Ser humano é uma maçada. Há choro, há risos, há abraços, há sentimentos... é uma maçada..
Ninguém se senta a ver flores que não são flores que, às vezes, têm bolinhas e que, umas vezes, são verdes e outras vermelhas. No chão há pedras e paus e fazem doer..., mas depois há estrelas nos olhos e alegria;
Estar alegre é bom e mau. Dá trabalho; às vezes, outras não... gosto de estar alegre...
E gosto das joaninhas que por vezes andam perto das plantas de bolinhas, mas não sei bem se são joaninhas porque não lhe consigo ver as pintinhas. As joaninhas têm de ter pintinhas? As minhas não têm, mas são joaninhas, são minhas e das plantas.
Descobri que se estiver quieta ouço as joaninhas a falar, mas não percebo o que dizem, nem sempre percebo o que se fala.
Falar às vezes é mau, as palavras são cortantes. As plantas não falam e eu gosto delas...
Gosto porque me tocam; sem tocar, e porque falam, sem falar. As minhas plantas, que não são bem plantas, nem flores, têm bolinhas verdes e vermelhas, brincam com joaninhas e fazem-me ver as mais lindas estrelas...
Nessas estrelas há tudo o que fui e o que sou. Gosto de plantas com bolinhas!