Montaigne e a moderação
Um dia destes estava cansada e não me apetecia ler nada de muito denso e que demorasse muito tempo. Peguei nos ensaios do Montaigne e abri ao acaso o ensaio sobre a constância. Uma leitura que se pretendia leve fez-me pensar de forma profunda.
Na realidade eu sempre pensei na constância como algo que se mantém, uma postura que, independentemente do que suceda, é firme. No entanto, nunca tinha pensado que ser constante por vezes também é fugir. Se a constância que se pretende é manter o nosso espírito elevado e são, o melhor remédio, amiúde é virar costas do que nos perturba. Mas há vezes em que mover um milímetro significa que o nosso eu pode sair estilhaçado.
A grande lição de Montaigne, que aliás não é nova, é de encontrar na constância ou para a constância, a moderação. A constância não é, assim, a permanência,mas a moderação.