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Fashion in the bag

Fashion in the bag

15
Mar17

O cadeirão: Tudo igual sem estar

fashion

(imagem retirada da net)

 

O cadeirão: Tudo igual sem estar 

Na penumbra da sala o velho cadeirão jazia, vazio e sem o colorido dos ocupantes que por ali se sentavam. Parecia mais pequeno, dir-se-ia, até, que tinha encolhido e, no entanto, tudo estava igual, sem estar.

Lembrava-se das noites em que a música não o deixara pensar e aturdido ria levado pelo ritmo das conversas que eram tão envolventes que o deixavam seguro, animado e vivo. Lembrava-se do dia em que a conhecera.

Trazia um vestido azul, um azul forte, e uns sapatos pequenos e beges. Viu tudo sem nunca lhe olhar para o rosto. Fez durar o momento, a excitação de descobrir, só depois um rosto. Quis conhecer tudo antes; e atentamente, procurou a voz, viu os desenhos da anca e do peito, adivinhou-lhe o sorriso, acariciou-lhe as mãos com o olhar. Perdeu-se na expectativa e no que descobria, deixou de estar seguro e teve medo. Sentiu-se tremer e teve de se sentar. Continuou a não lhe ver o rosto e agora o olhar prendeu-se nos pés, nos pequenos pés delicados e quietos.

Sentiu com a mão o tecido do cadeirão e deixou-se estar quieto a sentir, apenas a sentir. Um riso sonoro desinquietou- o e soltou-lhe o olhar: viu-lhe o rosto e tudo o que temia aconteceu. Gostara dela antes de a conhecer, gostara desde sempre, procurara- a desde que se lembrara e o rosto apenas confirmava a definição do sonho. Dançaram tantas vezes perto do cadeirão, que tudo via, impassível, mas presente.

Recordava-se das tardes de Domingo em que se sentavam nele com a chávena fumegante na mão e os sorrisos a voar. Tudo estava igual, sem estar...

 

2 comentários

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    fashion 15.03.2017

    Muito obrigada, querida Amiga! As tuas palavras fazem-me sempre bem. beijinhos
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