O fim do caminho é deixar de olhar para trás....
(Ilha Terceira, Açores. Imagem retirada da net)
Olhava para um lado, depois para o outro e nunca sabia se estava no caminho certo.Os pés doíam-lhe cansados e feridos. Parou na berma, tirou o sapatos e olhou os dedos ensanguentados e sujos do pó da estrada. Tirou um lenço do bolso e tentou aconchegar os pés. Olhou para trás, uma vez mais.Tinha andado muito, mas o caminho estava longe de terminar. Não que o caminho se medisse em quilómetros, ou talvez medisse, mas ela sabia que faltava muito. Calçou de novo os sapatos e a dor das feridas fé-la contorcer-se. Continuou, ainda assim, sem parar. Na testa o suor navegava-lhe como num rio. Ouvia músicas, várias. Olhava para o lado, para trás e as músicas aumentavam de volume. A estrada era estreita composta de pedras e pó, ladeada, aqui e ali, por ciprestes pequenos e pouco verdes. A caminhada continuava. Até onde? perguntava-se. Olhou uma vez mais para trás, como se esperasse alguém ou alguma coisa, mas nada se via.
Aos poucos os pós foram substituídos por areias finas, as pedras eram escassas e apareceram flores, todas as flores. Um desfile de cor, de verde, de cheiros. Olhou em frente, queria mais flores. Deixou de olhar para trás, caminhou devagar, tirou os sapatos e os pés ensanguentados puderam descansar.