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Fashion in the bag

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26
Dez18

O meu conto de Natal

fashion

 

     

 

Todos os anos criou a tradição de escrever um conto de Natal. Meia dúzia de palavras arrumadas ao longo do papel branco. Estou a vê-la agora: a luz amarelada, caneta na boca, a ruga no meio da testa em sinal de que algo pesado se ali passa. Começa a rabiscar, depois pára, respira fundo e recomeça. Os dedos brincam com a caneta e finalmente as palavras saem de uma assentada. Houve muitos natais cheios daquela alegria mágica que só uma criança consegue explicar. Era tudo tão suave que o vermelho mais gritante empalidecia com medo de perturbar a harmonia e a delicadeza daqueles momentos. As noites eram curtas porque a expectativa e a emoção eram muito superiores ao sono. A cumplicidade, a risada, a protecção, sobretudo a compreensão deambulavam por aquelas vidas. Havia cor, muita cor ainda que muitas vezes esse colorido estivesse só nela.  O mundo real coexistia com um mundo maravilhoso que só ela via, mas em que acreditava com todas as forças. Aos poucos os alicerces desse arco íris, vivencial, foram saindo, uns porque a vida assim quis, outros porque se revelaram a pior das desilusões.  Ainda assim em cada Natal ela guardou um saco. Um pequeno saco, sem adereços, de tecido vulgar e todos os anos, ela coleccionava memórias. Boas memórias. O tempo passou e ela foi guardando os seus pequenos tesouros e recorria a eles sempre que a nuvem da desilusão por si passava. Hoje tem mil saquinhos, arrumados, alguns abertos, outros ainda fechados. Se olharmos para cada um deles vemos tanta coisa, que uma colecção de palavras não seria suficiente para explicar. 

Pousa a caneta, fecha os olhos e perto dela consigo perceber o regresso ao seu mundo onde existem estrelinhas mágicas a cintilarem,  neve na janela e o cheiro dos bolos pela casa.

Era Natal!

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