O que definitivamente não queria ser...
Estava sentada num banco de madeira e a parede branca e rugosa servia-lhe de encosto.Olhava para as mãos e para as bocas das mulheres que estavam à sua frente. Há anos que lidava com elas, não podia dizer que as conhecesse, mas via-as e muitas vezes ouvi-as. Durante anos pensara que talvez fosse bom ser como elas, em outra fase revoltou-se e pareceu-lhe que era horrível ter de relacionar-se com estas pessoas e sentia-se quase violada por ter de as ouvir e ter de fazer parte de um mundo que definitivamente não era o seu. Não se reconhecia melhor, muitas vezes até lhe parecia o contrário, mas achava-se longe, muito longe.
Com o passar do tempo percebeu que estas suas conhecidas lhe eram muito úteis e quando o descobriu não pode deixar de alegrar-se. Com elas percebeu claramente para onde queria ir e o que definitivamente não queria ser. Achou-as melhores, deu-lhes valor, afinal de contas ajudaram-na sem o saberem.