O retiro da alma
Nos dias que correm os nossos ouvidos recebem muitas vezes a visita da palavra "retiros". Numa sociedade cada vez mais competitiva e desumanizante, há um apelo, nos mais sensíveis, a re-tirar-se. Esse tirar-se significa que há uma procura de equilíbrio e liberdade que já não é alcançado no ambiente envolvente.
Desta forma, quem se retira procura, antes de mais, inteirar-se de si, ou seja tornar-se inteiro, novamente. A vida vai-nos fragmentado, e os nossos pedaços vão-se espalhando como grãos de pó. Temos de fazer um percurso de reencontro com esses pedaços, temos de nos encontrar a nós. O retiro da alma é o retiro da reunião com aquilo que de mais profundo existe em nós. O retiro é para corajosos, só aqueles que têm a força para se procurarem poderão curar-se e colar os pedaços que por aí andam. É doloroso o encontro e a reconstrução. No fim a doença extingue-se e a liberdade, conquista-se.
Quantas vezes já se sentiram fragmentados e com necessidade de se completar?