Perséfone, Hades e a felicidade em cada um dos mundos
Num daqueles dias em que no céu há muitas arrumações estava eu sentada num banco de jardim; daqueles de madeira, pintados de verde, quando vi passar a Deusa Perséfone com um belo ramo de acácias. Acenei-lhe, mas ela não me viu, estava encantada com as flores. A sua beleza era de tal forma contagiante que era impossível não olhá-la demoradamente. Deixei-me ficar, segui-lhe os passos com o olhar e admirei-a como com admira uma estátua. Hades passou a correr, foi ao encontro de Perséfone e não tardou a arrastá-la para o seu mundo. Fiquei aflita não tinha ajudado Perséfone e não sabia a quem recorrer. Perguntei às ninfas pelos amigos, pela família mas nada me disseram. Foi estranho aquele pensamento da presença e do desaparecimento, mas sabia que do mundo subterrâneo ninguém voltava. Soube, mais tarde, que Deméter era sua mãe e que tinha passado um período de tristeza e de vazio com a falta de Perséfone. Quando descobriu onde estava a filha desceu ao Hades e quis traze-la, mas ela já tinha comido seis grãos de romã. Chorou muito porque isso significava que Perséfone não tinha rejeitado totalmente o mundo subterrâneo e que devia permanecer lá. Zeus que tudo via, observou a tristeza de Deméter e encontrou uma forma de contentar todos: Perséfone estaria perto de Hades uma metade do ano e a outra metade estaria com os seus pais. Quando voltei a encontrar Perséfone, era Primavera, estava sorridente explicou-me que enquanto ela estava no Hades os campos estavam em descanso, mas assim que ela voltava tudo se enchia de flores e de sementes. A sua presença trazia vida e cor e mesmo perto de Hades, onde tudo era escuro, ela conseguia ser feliz e faze-lo feliz.
- É preciso olhar e descobrir, mesmo no mundo mais tenebroso,o que nos faz feliz, disse-me a sorrir.