Depois de me debater com a vontade de ficar no quentinho ou entrar na "tumba" do Tutankamon decidi-me pela segunda opção e lá fui eu, com chuva e vento, para o Pavilhão de Portugal. Tinha alguma expectativa sobre o que iria encontrar, mas esperava algo surpreendente e adequado ao tema e ao grande Senhor do Egipto. Não podia ter tido maior decepção... Tudo é mau, na minha opinião. Réplicas de fraca qualidade, luz desadequada, espaços que não combinam e deorganizados, preço exorbitante. A única coisa positiva, é o aguçar a vontade de querer saber mais e desejar conhecer, mais de perto, esta personagem lendária. No entanto, para isso recomendo bons documentários e se possível uma viagem ao Cairo :).
Diz Gabriel García Márquez que a descoberta e leitura de Rulfo é um capítulo essencial das suas memórias. Na noite em que começou diz ele que não conseguiu parar enquanto não terminou a segunda leitura. De facto esta é uma das melhores estórias que li nos últimos tempos, não só pela entrosado de pensamentos, pelas reflexões constantes, pelas personagens que vão aparecendo e vão contando a estória um dos outros, como pela beleza de tudo o que é escrito e mesmo pelo que não é escrito e que está lá, sem estar. Quando estava a chegar ao fim do conto, tive uma necessidade inédita de fazer uma espécie de árvore genealógica com todas as personagens e de perceber cada uma delas e o seu simbolismo(não consigo descrever o gozo que isso me deu). Consegui escrever uma folha completa, tal a riqueza e diversidade de personagens e ao mesmo tempo de estórias. O Gabriel Garcia Márquez queixava-se de ser um texto sem tempo porque não sabemos se dura um dia, um mês, ou um ano, mas para mim isso é o que torna este livro encantador. No final um filho que procura um Pai, que nunca foi pai, mas que foi(ou não) tantas e tantas coisas...
É pequeno e lê-se muito bem, aproveitem estes dias de chuva e viagem até Comala (cidade onde tudo acontece).
Russo, jeitoso(a acreditar nas fotos que circulam na net) escreveu um dos livros que mais me enterneceram.
Gorki escreveu a Mãe em 1907 e é, para mim, uma das mais brilhantes estórias de revolta, mas simultaneamente de esperança. Tudo estava mal: a pobreza, a imundice, a fome.
Um grupo de jovens, no qual se destaca Pavel, decidem revoltar-se contra essas condições. Até aqui nada de novo, não fosse o facto de existir por detrás destes jovens, a mãe de Pavel que é, segundo creio, a personificação da força, da luta, do ser paciente e da presença constante na vida do filho.
Pelágia sente-se a mãe de todos os revolucionários, a mãe da revolução. Neste aspecto, Gorki estabelece um curioso paralelismo entre o amor maternal e uma espécie de amor universal que comanda a mente e a acção destes revolucionários; uma espécie de “amor ao próximo”.
O que torna Pelágia uma grande mãe é todo o percurso que é contado no livro e que faz, desta obra, uma das mais interessantes que li. Recomendo, recomendo!!!
Conhecem aquela sensação de perda, quando nos separamos de um amigo? É esse o sentimento que experimento, agora que cheguei ao fim desta "quadrilogia". Já falei aqui dos livros anteriores e muitas pessoas me têm perguntado o que torna esta estória diferente. Não consigo responder concretamente a esta questão, no entanto consigo perceber que há uma amizade que perdura durante toda a vida. Essa amizade é a base para que todas as outras histórias se cruzem e vivam e que de certa forma envolve quem a lê. Talvez todos nós vivamos, durante a nossa vida, as mesmas históras, os mesmos receios, talvez todos tenhamos uma amiga genial que por vezes não sabemos se somos nós ou se é a outra/os. Este livro em concreto é dissecada a dor de uma mãe que passa pelo desaparecimento da filha. A sua postura, o seu não sentido, o medo que os outros têm, de quem sofre, como se isso fosse contagioso. São livros que vão ao fundo das nossas entranhas e que nos "obrigam" a questionar muitas opções e muitas direcções que seguimos ao longo da vida.