Torci o nariz (interiormente) quando abri o bonito embrulho e vi o livro. Não sou muito de livros de modas, menos ainda de histórias demasiado exploradas. Reconheço a importância do tema, dedico e dediquei muitas horas a pensar nele, mas gosto de histórias improváveis, gosto de uma certa ginástica mental quando leio.
Ainda assim abri, li a primeira página e a segunda e pronto já estava presa na história. Não sendo surpreendente é muito bem contada e faz-nos acreditar que, de facto, as histórias de amor, aquelas de verdade, realmente existem. Essas são aquelas que conseguem ser superiores à morte e que nos deixam despertas para pequenas coisas, que são mas tão profundas e que por vezes não as queremos ver.
Auschwitz, aqui, é lembrado para além de um espaço onde as maiores atrocidades foram cometidas, como um local de amor, amizade e altruísmo.
Há coisas que ficam tatuadas para sempre, os números são apenas um pormenor...
Este é um livro que me surpreendeu. Conhecia o autor de nome, porém nunca tinha lido nada dele.
Viagem vertical é uma viagem que se inicia em Barcelona, terra da personagem e prossegue por Lisboa, Porto, Madeira terminando onde todas as viagens devem terminar: dentro de nós próprios.
Mayol começa o seu percurso na idade em que as travessias, habitualmente estão a terminar e ensina-nos que ser velho é desistir de aprender, é ter medo do novo e das aventuras e deixar de cumprir os desejos mais profundos que existem em cada um de nós. Mayol tem tudo contra ele. É abandonado pela mulher, rejeitado pelos filhos e percebe que nunca fez nada por si. No entanto, parte, ruma à descoberta de si próprio e de tudo o que por várias razões deixou de fazer. Ao adormecer perguntou a si próprio por que razão não havemos de ser - homens, deuses, mundo- sonhos que alguém sonha, pensamentos que alguém pensa, situados sempre fora do que existe, e perguntou a si próprio por que não há-de ser esse alguém que não sonha nem pensa, ele próprio súbdito do abismo e da ficção.
Viagem vertical é uma viagem, ao contrário da viagem circular, descrita na Odisseia, sem regresso.
Reli, nestes dias "A Odisseia". Quando era mais nova pensava sempre que a re-leitura era uma perda de tempo. Enganava-me a pensar que um bom livro, uma vez lido estava encerrado. Mas um bom livro é, à semelhança do que dizia U.Eco, uma obra aberta. A Odisseia é um destes casos. Reler é voltar a descobrir um novo mundo, ou mundos e uma miríade de novas ideias. Podia dizer mil coisas sobre este livro e mesmo assim talvez nunca chegasse perto daqueles que se dedicam ao seu estudo. No entanto, ao invés de mil coisas escrevo apenas sobre as que ainda pairam no meu espírito. Todos temos uma Ítaca, seja onde for e poder-se-á revestir de diferentes formas, mas temos. Muitas vezes, tal como aconteceu a Ulisses, é isso que nos mantêm vivos. Para além disso, há valores que são superiores à força do mais temível ciclope, da mais caprichosa deusa e do mais terrível Posidão. Basta acreditar. No fundo a Odisseia, é sobre acreditar. No fundo a Odisseia, é a vida.
Ibsen é um dramaturgo norueguês e são várias as peças de teatro,sobretudo teatro realista que tem escritas. Neste caso a escolha recaiu sobre "Uma casa de bonecas" e "O Pato Selvagem". Em ambos os casos a escrita é fluída e as histórias encerram reflexões sobre temas pertinentes. No primeiro caso é retratado o papel da mulher, a submissão à família, ao marido e a sua (necessária) emancipação. O segundo caso, mais complexo, aborda a questão da felicidade, da verdade, da mentira e das consequências que pode ter o peso de desvendar a verdade.
São histórias que se lêem rapidamente, mas que nos fazem reflectir, profundamente, sobre várias questões da vida humana.
Quanto mais o tempo passa mais me convenço que cada livro deve ser lido numa determinada idade. É o caso deste. Penso que o li a primeira vez devia ter uns dezassete ou dezoito. Na altura nada fazia grande sentido e para mim era confuso apesar de gostar muito de História perceber exactamente as estratégias para conquista de cidades e os meandros da mesma. Este ano estou interessada em perceber as relações de poder ao longo da História e voltei a Maquiavel. Gostei de ler, fiquei com uma ideia clara sobre o que entende Maquiavel por poder, acima de tudo percebi que o sentido dado pelas pessoas às chamadas "ideias maquiavélicas", nada tem a ver com as ideias de Maquiavel. Na realidade o livro reúne um conjunto de conselhos e de ideias para uma boa governação e um bem sucedido exercício político. Importante para um político é a virtude, a fortuna, a compreensão, a astúcia e ferocidade.
Este livro é uma dádiva de Maquiavel a Lourenço de Médicis e dá-nos um importante repertório de personalidade marcantes na história(sobretudo italiana). Fiz uma lista dos que consegui encontrar. Se já alguém leu e se descobriram mais, digam :) .