Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
Tu que dormes à noite na calçada do relento numa cama de chuva com lençóis feitos de vento tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento és meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que dormes só o pesadelo do ciúme numa cama de raiva com lençóis feitos de lume e sofres o Natal da solidão sem um queixume és meu irmão, amigo, és meu irmão
Natal é em Dezembro mas em Maio pode ser Natal é em Setembro é quando um homem quiser Natal é quando nasce uma vida a amanhecer Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar tu que inventas bonecas e comboios de luar e mentes ao teu filho por não os poderes comprar és meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei és meu irmão, amigo, és meu irmão
Há muito tempo que tenho o privilégio de ler, aqui nos blogues, poemas maravilhosos e vou sempre que possível dando a minha opinião aos autores dos mesmos. Neste caso, em particular, para além de ter descoberto profundidade, delicadeza e verdadeira poesia, descobri uma poeta e uma pessoa maravilhosa com quem tem sido um prazer trocar ideias, pensamentos, ou sentimentos. Aconselho a todos a visita a este blogue e a descoberta de maravilhosos poemas. Obrigada, querida poeta, por me deixar partilhar um dos seus muitos tesouros. Grata, também, pela amizade que me tem ofertado.
sentiu o vento na cara, esqueceu-se do tempo e chorou
nunca sentira tal liberdade, era feliz verdadeiramente;
A felicidade persistiu vigiada pelo sol,
uma paz nunca sentida
reconciliou-a com a vida,
tinha encontrado o seu farol.
Fashion & Malik
**Esta semana, por brincadeira, desafiei o querido Malik para um poema a quatro mãos.
Como era brincadeira nunca pensei que ele aceitasse... Não é que ele, levou a sério, e deixou o bonito poema dele para terminar... Desculpa Malik se estraguei o teu trabalho e obrigada pela confiança.