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Fashion in the bag

Fashion in the bag

31
Dez16

Receita de Ano Novo

fashion

 

 



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

22
Dez16

Quando um homem quiser..

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Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'
08
Dez16

Um poema

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PROJECTO PARA UM IMPROVISO FIGURATIVO

Soneto em decassílabo heróico)

 

Reajo ao dia certo, ao tempo exacto,

Ao ângulo perfeito, à luz correcta,

Ao chispar da fagulha no contacto

Entre o círculo, o ponto, a linha recta,

 

E a tela que consinta o estranho facto,

Tornando-se mais útil, mais concreta,

De deixar-se impregnar do som, do tacto,

Do que a mão me alcançar, sem rumo ou meta...

 

Nesse processo, nunca me apaixono

Por traços que não exprimam, claramente,

Pessoas como eu sou, sem fama ou dono...

 

Nem sempre lá estarei, mas será gente

Quem exponho numa tela em que abandono

Quanto, em me urgindo a chama, a mão consente...

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 01.12.2014

poesia

 

Há muito tempo que tenho o privilégio de ler, aqui nos blogues, poemas maravilhosos e vou sempre que possível dando a minha opinião aos autores dos mesmos. Neste caso, em particular, para além de ter descoberto  profundidade, delicadeza e verdadeira poesia, descobri uma poeta e uma pessoa maravilhosa com quem tem sido um prazer trocar ideias, pensamentos, ou sentimentos. Aconselho a todos a visita a este blogue e a descoberta de maravilhosos poemas. Obrigada, querida poeta, por me deixar partilhar um dos seus muitos tesouros. Grata, também, pela amizade que me tem ofertado.

03
Dez16

Quando vier a Primavera...

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Quando vier a Primavera,

Se eu já estiver morto,

As flores florirão da mesma maneira

E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.

Se soubesse que amanhã morria

E a Primavera era depois de amanhã,

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.

Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.

Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

O que for, quando for, é que será o que é.

12
Out16

Brincadeira na poesia... Um mar de sonho

fashion

 

 

Um mar de sonho

 

Jovem e bonita, amante de dançar

aquela rapariga da aldeia

mantinha acesa a ideia,

o sonho de ver o mar;

 

Uma vastidão desmedida

que inundava a televisão

e lhe falava ao coração

como quem a chama à vida;

 

Quando esse dia chegou

ia de voz embargada,

pensando em tudo, em nada

e ficando deslumbrada quando se aproximou;

 

Olhou o mar docemente,

abriu os braços e dançou,

sentiu o vento na cara, esqueceu-se do tempo e chorou

nunca sentira tal liberdade, era feliz verdadeiramente;

 

A felicidade persistiu vigiada pelo sol,

uma paz nunca sentida

reconciliou-a com a vida,

tinha encontrado o seu farol.

 

Fashion & Malik

 

 

 

 

**Esta semana, por brincadeira, desafiei o querido Malik para um poema a quatro mãos. 

Como era brincadeira nunca pensei que ele aceitasse... Não é que ele, levou a sério, e deixou o bonito poema dele para terminar... Desculpa Malik se estraguei o teu trabalho e obrigada pela confiança.

 

 

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