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Fashion in the bag

Fashion in the bag

09
Jan17

Uma voz, sempre às dez..

fashion

                           (imagem retirada da net)

Quando lhe disseram que não ia mais falar com ele, nem vê-lo, sentiu uma dor lancinante, de tal modo que deixou de conseguir manter-se de pé e sem que soubesse explicar, as pernas dobraram-se  e ela, que estava encostada ao muro sentiu-se deslizar, conseguiu perceber a rugosidade da parede, nas costas, e quando percebeu (talvez muito tempo depois) estava no chão e as lágrimas começaram uma, após outra, a sair descontroladamente tal qual um rio quando lhe colocam pedras à frente.

No entanto, sabe-o hoje, as lágrimas não saiam devido a uma constatação de falta, no momento o seu aparecimento estava relacionado com o facto de ela pensar o que sentiria se perdesse e não pelo convencimento de que tinha perdido.

A certeza veio depois, muito depois. Veio quando viu a cadeira vazia e as pantufas roubadas  pelo pó. Sentiu-o quando se sentou e não teve ninguém que a ouvisse, que percebesse o que ela dizia, que a admirasse. Mas a falta percebeu-a, sobretudo nas rotinas e nos hábitos, aqueles que todos falam como se fosse alguma coisa feia e negativa.

Às dez ligava-lhe, todos os dias, estivesse onde estivesse. Queria sempre saber dela, o que ela fazia e como se sentia, para ele pedia pouco, talvez(ela não o sabia) o muito era apenas poder ouvi-la, saber que ela estava ali, na mesma dimensão, aquela hora. Todos os dias ela esperava aquela voz forte, mas cândida, uma espécie de alimento torneado e nutritivo. E os abraços? (que bom hábito era o de se abraçarem sempre). E os segredos? Os risos, as mãos? E o cheiro que por vezes se misturava com o mato por ter andado na floresta?

A perda por muito que se diga que não existe, totalmente, deixa faltas e vazios que nunca se preenchem, constrói dias sem significado onde não há uma voz, que está sempre presente às dez.

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