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(imagem retirada da net)
Sentou-se com esforço na sala de espera, onde uma dúzia de pessoas aguardava. Percebeu no momento em que olhou para os pés e viu uns sapatos quase novos (apesar da idade que tinham) que tinha passado os últimos anos à espera.
Não sabia bem o que esperava, mas sabia que esperava. Levantou os olhos e encantou-se com uma pena de pássaro que dançava contra o vidro da janela. Lembrou-se dos tempos de menina, na aldeia, em que conhecia de olhos fechados todos os pássaros e os seus nomes. Ouviu-se a sorrir e a correr para ver em que árvore eles iam pousar.
Nessa altura não havia esperas porque havia tanto para saber e para descobrir que esperar era matar o conhecimento. Mas o conhecimento nunca cessa, por isso porquê esperar ao invés de descobrir, pensou. Alguém pronunciava nomes, apenas nomes e ela continuava a admirar a dança da pena, que nesta altura lhe parecia de pardal. Mexeu-se na cadeira, cansou-se de esperar.
Sem saber a razão encaminhou-se para a rua e colocou a mão na janela. A pequena pena descansou na sua mão.
Tinha de descobrir a que pássaro pertencia. Era urgente voltar a ler os seus livros, deixar a espera e entregar todas as penas ao bailado dos vidros.